Crítica escrita para a disciplina de Estética da Comunicação
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Nelson
Rodrigues, crônicas esportivas.
O escritor, dramaturgo, jornalista e cronista Nelson
Falcão Rodrigues, nascido no Recife, mas criado no Rio de Janeiro, carregou por
anos a fama de pervertido já teve até apelido de “anjo pornográfico”, esse que
rendeu biografia com mesmo nome. Mas, a qualidade de depravado passou longe de
suas crônicas esportivas.
Nelson Rodrigues tem o fluminense como time do
coração, ainda assim, relata o brilhantismo de seu maior rival, o flamengo. Na
crônica em que “O personagem da Semana é
a Camisa Rubro Negra” ele enobrece o vermelho e preto, como podemos ver na
seguinte frase: “… o Flamengo tem, além do futebol, outro valor mais alto.
Refiro-me à camisa que não é, como querem alguns, demagogia sórdida”. Capaz de
transformar o corriqueiro em um espetáculo, o futebol era um grande palco para
suas histórias. Sempre com um lado cômico, ele criticava o povo brasileiro e
sua mania de inferioridade. Mesmo em uma época em que os principais clubes
ainda estavam sendo formados e o Brasil não era reconhecido pelo futebol.
Nelson Rodrigues exaltava esse esporte como nenhum outro.
Os textos de Nelson revelam seu olhar minucioso para
os detalhes, em “O Riso”, trata da
risada do massagista Mário Américo como algo celebre. “E aquela cara, que ria,
alucinou os nossos adversários”. Match,
era o futebol de Nelson Rodrigues, criador de uma identidade, seus escritos,
mesmo nos tempos de hoje, são atuais. Quando trata da relação futebol e
palavrão, não poderia ser mais correto nesta comparação.
Em dias que o jogo era fraco, qualquer
coisa ao redor do estádio virava uma boa história, como é possível destacar na
crônica “O Perfil do Miserável”, que narra
um canalha que espiava o banho de mar de algumas moças e também em “O assassinato do sanduíche”, relata a
recepção dos clubes com os repórteres, e aproveita para contar o descaso da
impressa com o cronista.
Seu texto coloquial, sempre
aproxima o leitor com o vocativo “amigos”, suas crônicas têm em média três mil
caracteres e na maioria das vezes um tom sarcástico, com títulos curtos e
fáceis era a característica de suas crônicas. Descreveu cenas quase
fotográficas, era possível sentir calor de uma partida. Apaixonado, visionário,
esse foi Nelson Rodrigues, que mesmo após passar mais de trinta anos de sua
morte, ninguém conseguiu superá-lo e é a maior inspiração dos cronistas
esportistas atuais.
No ano em que completaria 100 anos, a editora Agir,
relança o livro “O Berro Impresso das
Manchetes”, que teve seu lançamento em 2007, à obra reúne 163 crônicas
esportivas, que além do futebol e o eterno clássico Fla - Flu relata também
esportes como, boxe, remo, basquete, entre outros. O livro custa em média R$
60,00.
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